segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Efetividade das ACS no Brasil

Efetividade do Agente Comunitário de Saúde no Brasil: Revisão Sistemática
Autores: Camila Giugliani, MD1, Erno Harzheim, PhD1, Michael Schmidt Duncan, MD2, Bruce Bartholow Duncan, PhD1

Introdução 
O sistema de saúde no Brasil, no contexto da Estratégia Saúde da Família, conta com mais de 240 mil Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Apesar do grande número de ACS, poucos estudos avaliaram os resultados do seu trabalho, limitando a afirmativa de que o ACS é um importante diferencial do modelo de atenção primária no Brasil. O objetivo deste estudo é avaliar a evidência sobre a efetividade de intervenções envolvendo ACS no Brasil.

Métodos 
Esta revisão sistemática, realizada entre 29/06/2009 e 23/03/2010, incluiu todos os estudos cujo objetivo era a avaliação de alguma intervenção envolvendo o ACS, independentemente do delineamento do estudo, data de publicação ou idioma. Pesquisamos bases de dados eletrônicas, assim como as referências dos estudos incluídos, e contatamos alguns autores para acessar publicações adicionais. Dois pesquisadores independentes realizaram a extração de dados, a avaliação de qualidade dos estudos e a síntese dos achados, agrupando as evidências de acordo com o perfil do ACS, contexto urbano/rural, abrangência geográfica do estudo e desfecho de saúde medido. Avaliamos a qualidade da evidência através do sistema GRADE. Devido à considerável diversidade de intervenções e desfechos estudados, não foi possível realizar metanálise. 
Resultados Incluímos 23 publicações, 14 (61%) das quais avaliaram o ACS no contexto da Estratégia Saúde da Família. Dez (43%) estudaram população urbana e seis (26%) tanto urbana como rural. Mais da metade focaram em saúde materno-infantil, sete (30%) em doenças infecciosas e seis (26%) em problemas crônicos. Apesar da baixa qualidade da evidência para a maioria dos desfechos, encontramos benefício significativo com intervenção do ACS (nível de evidência moderado) para freqüência de pesagem em crianças, prevalência de amamentação e introdução tardia da mamadeira. Estudos avaliando baixo peso ao nascer não mostraram efeito (nível de evidência moderado). Em relação à maioria dos outros desfechos, encontramos benefício, embora com nível de evidência baixo ou muito baixo.

Conclusões 
Existe evidência, embora geralmente com qualidade baixa ou muito baixa, mostrando efeito benéfico de intervenções utilizando o ACS, com foco em uma ampla gama de desfechos, especialmente aqueles relacionados à saúde materno-infantil. Dada a dimensão do investimento brasileiro em ACS, investigar o benefício associado especificamente ao trabalho desse profissional, desponta como tema prioritário de pesquisa.

Via Rede de Pesquisa em APS
Original em: www.rededepesquisaaps.org.br/UserFiles/File/arquivos/revisao_sistematica_ACS_pt.pdf
Publicado por Ricardo Alexandre de Souza em http://medicinadefamiliabr.blogspot.com

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